É curioso
como, na decoração, aquilo que temos como sendo um pormenor pode, na verdade,
fazer toda a diferença. Há uma miríade de pequenas coisas que tendem a passar
ao lado como, por exemplo, a escolha dos abajures. Por norma, os candeeiros são
comprados já com o abajur (ou abat-jour), mas nem
sempre reparamos no tipo de abajur mediante o uso que vamos dar ao candeeiro ao
qual ele pertence. Num quarto, por exemplo, onde se pretende criar uma
atmosfera serena que convide ao repouso, não é oportuno ter abajures que deixem
passar muita luz.
Há, ainda,
a questão do estilo. Os abajures são uma excelente oportunidade para elevar a
história decorativa de um espaço. Existem em diferentes tamanhos, cores e
formatos e podem mesmo assumir-se como o ponto focal de uma divisão.
Hoje,
falamos-lhe sobre abajures e trazemos-lhe algumas dicas que devem ser
consideradas aquando da compra de um. Ora tome nota.
1. Como surgiram os abajures?
A
palavra abajur deriva do francês abat-jour que
significa baixar ou quebrar a luz. A história do abajur remonta ao século XVI e
a Paris onde começou a aparecer nas ruas. Mais tarde, em Milão, ainda com a
iluminação em petróleo, os candeeiros tinham, na parte de cima, um
semi-esférico reflector que
conduziaa luz para baixo e um segundo reflector que direccionava essa luz. Contudo, por a iluminação ser a gás, havia risco de explosão, de incêndio e de intoxicação. A invenção da lâmpada eléctrica veio pôr termo a esse medo e dar força ao uso dos abajures por mitigarem a intensidade desta
nova luz. Os modelos Tiffany foram os primeiros a serem criados e distinguem-se facilmente por terem uma cúpula de vidro que se parece com um vitral.
2. Por que é que os abajures são necessários?
Os abajures têm três funções basilares: direccionam a luz, atenuam a intensidade das
lâmpadas e protegem
os nossos olhos. Olhar directamente para uma lâmpada, sobretudo de alta
intensidade, pode causar lesões oculares, mesmo que pequenas. Hoje em dia, é
comum a utilização de candeeiros de tecto sem abajur, sobretudo em ambientes
modernos, industriais ou de estilo minimalista. Contudo, o uso desses
candeeiros deve ser bem pensado e a intensidade das lâmpadas escolhida em
função desse factor.
3. Dicas para escolher correctamente o abajur
Quando
compramos um candeeiro, tendemos a olhar para o todo. No entanto, sugerimos que
tenha em conta as seguintes recomendações para escolher o abajur adequado:
O espaço – o
abajur pode misturar-se com a decoração e passar despercebido no conjunto ou
surgir enquanto ponto de destaque. Seja como for, deve considerar o estilo do
espaço para escolher um abajur que se harmonize com o mesmo e o eleve. Ao
focar-se apenas num estilo, conseguirá afunilar, significativamente, as suas
escolhas, tornando o processo de compra muito mais rápido. Com o comércio on-line, já é possível aceder aos sites das marcas e filtrar os abajures por cor,
por preço, por tipo, e assim por diante.
A luz – de
que forma usará o seu candeeiro? Servirá para leitura? Colocá-lo-á na mesa de
apoio ao sofá ou sobre a mesa de cabeceira? Quanto mais escuro for o abajur,
menos luz passará. Nos ambientes onde se queira usufruir de uma luminosidade
difusa e ténue, pode-se apostar em abajures de tons mais escuros. Por outro
lado, numa zona de trabalho, de refeições ou num recanto de leitura, os tons
claros deverão ser favorecidos para não se ter que forçar a vista.
A lâmpada – o
abajur deve ter um tamanho proporcional ao da lâmpada. É provável que já tenha,
inadvertidamente, comprado uma lâmpada que, por ser demasiado volumosa, tenha
ficado muito perto do abajur, acabando por queimá-lo ou que, por ser alta,
tenha ficado à vista. Certifique-se, ainda, que o abajur tem uma abertura
suficientemente grande no topo para sair o calor emitido pela lâmpada.
A base do candeeiro – se a base do candeeiro for especial, então opte por um abajur mais
discreto para não a ofuscar. Por outro lado, se a base for demasiado simples,
pode favorecer um abajur com um formato diferente ou até com um padrão.
O
formato – geralmente, um abajur
arredondado fica melhor com uma base, também ela, arredondada. Por sua vez, uma
base angular ou quadrada deverá ficar melhor com um abajur com um formato
semelhante. Esta não é uma regra de ouro, mas sim um truque para orientar a sua
escolha. Há sempre excepções à regra. Num candeeiro com um pé quadrado que
esteja sobre uma mesa redonda, pode colocar um abajur cilíndrico que
complementará tanto o candeeiro como a mesa.
O tamanho – para ter a certeza de que compra abajures para candeeiros
de mesa no tamanho certo, siga as seguintes regras:
·
a altura do abajur deve ser cerca
de 3/4 a altura do pé do candeeiro;
·
a largura da base do abajur deve
aproximar-se da altura do pé do candeeiro desde a base até ao encaixe;
·
o abajur deve ser cerca de 1.3 cm
maior do que o pé do candeeiro para ambos os lados;
A localização – a localização do candeeiro é importante para escolher
o abajur. Se se tratar de um candeeiro para a mesa de cabeceira, por exemplo,
não convém que o abajur seja demasiado volumoso sob pena de o derrubar ao
entrar e a sair da cama ou com as almofadas ou edredão.
O material – translúcido ou opaco? Tudo depende do propósito que
vai dar ao candeeiro. Os abajures translúcidos – num tecido semi-transparente
ou em papel – são óptimos para áreas onde se tencione ler ou usufruir de uma
iluminação mais intensa. Os abajures opacos, por seu lado, direccionam a luz de
forma muito definida, o que faz deles uma boa opção para realçar objectos e
criar uma atmosfera.
4. Abajures por medida
Os
abajures dos seus candeeiros estão a ficar gastos? Gosta da base de um
candeeiro, mas já não se identifica com o abajur? Tem um candeeiro antigo sem
abajur ou uma jarra que electrificou e precisa de um? Actualmente, há uma vasta
oferta no mercado, pelo que não deverá ser difícil encontrar um abajur dentro
do que idealizou. No entanto, se quiser algo mais específico, lembre-se que é possível
mandar fazer à medida. Pode, inclusive, fornecer o tecido.
5. Abajur para quarto
A
iluminação é importante em toda a casa. No entanto, o quarto é um lugar de
descanso e uma luminosidade pouco adequada a esta divisão pode pô-lo em causa.
A
luz de um quarto deve ser trabalhada por camadas. O candeeiro de tecto, que é
prático e ilumina o espaço na íntegra, deve ser complementado por candeeiros de
ambos os lados da cama e, se necessário, por candeeiros que tornem mais
confortável a realização de tarefas como ler ou pôr a maquilhagem.
Lembramos,
todavia, que a intensidade da luz não é só determinada pela cor do abajur. A
potência e a temperatura de cor da lâmpada são cruciais nesse sentido. Se
quiser criar um ambiente mais intimista e propício ao descanso, tal, os
abajures escuros ou de cores quentes são uma boa opção, assim como lâmpadas que
não excedam os 2700 K (unidade de medida da temperatura da cor).
Aconselhamo-lo,
ainda, a apostar num regulador de intensidade, também conhecido como dimmer, para aumentar ou diminuir a intensidade da luz
conforme precisar.
6. Abajures em sítios pouco convencionais
Os
candeeiros com abajur já não são apanágio dos quartos, do escritório ou das
divisões que compõem o núcleo social da casa. Pelo contrário, podemo-los
incorporar em espaços mais inusitados, como a casa de banho, para os elevar
esteticamente e criar uma ambiência. Numa casa de banho, um candeeiro com
abajur, até mesmo em tecido, pode, por exemplo, pender sobre o móvel do
lavatório ou coroar uma bela banheira independente (freestanding bathtub).
São pormenores assim que tornarão a sua casa de banho verdadeiramente especial.
7. A pender sobre a mesa de refeições
Podemos
cozinhar a mais deliciosa das refeições e pôr a mais bonita das mesas, mas o
ambiente não fica realmente completo sem uma luz no centro. É nos abajures que
reside a piada dos candeeiros de tecto. Pode optar por um candeeiro ou combinar
mais do que um para criar um ponto focal na sua zona de refeições.
8. Os abajures em fibras naturais são tendência
Terminamos com uma das tendências mais fortes no que toca a
abajures, designadamente para candeeiros de tecto: os abajures em fibras
naturais (vime, bambu, etc.). Estes abajures
são feitos artesanalmente, pelo que cada peça é única. Combinam especialmente
bem com espaços de estilo escandinavo, rústico ou campestre e emprestam aos
ambientes uma nota deveras acolhedora.